terça-feira, junho 19

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Tempos Modernos (final)





                   Boa noite leitores!
               Enfim, depois de três semanas saiu aqui hoje o final do meu conto vampírico. Mas, antes que vocês leiam, queria agradecer mais uma vez os acessos. Foram mais de cem leitores que acessaram os contos. Os que vieram falar comigo gostaram do que leram, alguns de meus amigos escritores deram sua tão bem-vinda opinião sobre o que eu escrevi. Obrigado pelo apoio e fiquem ligados porque não acaba por aqui. Meu próximo projeto de conto envolve sobreviventes em um apocalipse Zumbi. Quem ainda não leu e quer saber como está história começa, basta clicar nas imagens de capa de cada capítulo abaixo.

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4

Fiquem agora com o final eletrizante de Tempos Modernos:

Autor: Leon S. Vellasco
Twitter: @Lucianovellasco


Tempos Modernos

V – Os Verdadeiros

            A luz do sol avançou inabalável na direção de Dimitri, Jessica tinha o olhar brilhando em expectativa. Não acreditava que estava tendo mais um momento de cinema. Poderia regravar o filme se tivesse uma filmadora em mãos. Seus pelos estavam eriçados e a vontade de pular em cima do Vampiro era tremenda. Iria registrar isso, postar no Facebook, no Twitter, no Tumblr, no MySpace e em todas as páginas do fã clube. Seria famosa e proclamada “A Rainha dos Vampiros”. Viveria a eternidade com Dimitri e os dois teriam muitos filhos vampirinhos. O sonho de princesa de qualquer donzela.
            Então aconteceu.
           - Seu ombro – apontou Jessica com terror genuíno estampado na cara. Seus sonhos indo água abaixo enquanto o ombro direito de Dimitri ardia em chamas. – Você está pegando fogo!
            - Então vê agora, mortal? – desdenhou Dimitri num misto de dor e orgulho. – Esses vampiros de mentira que tu viste nos livros são apenas contos de fadas! Nós, as verdadeiras crianças da noite, somos cruéis, sanguinários e invencíveis! – agora o fogo avançava sobre a face direita de Dimitri, torrando orelha, bochecha e cabelos. – E vocês – apontou para a garota apavorada – são apenas comida.
            - Não pode ser... então o Max... ele está... – as lágrimas desciam fartas sob sua face. Vislumbrou com o rabo de olho seu namorado Max e agora tinha a certeza: ele estava morto. Tudo não passou de ilusão. Estava frente à criatura mais ameaçadora do mundo e apenas agora se dava conta disso. – “Ao menos... ele vai torrar até desaparecer...” – ela pensou. – “Esse pesadelo vai passar logo”.
            Pobre criança.
            - Agora, se me permite – anunciou Dimitri já com metade do corpo em chamas. – Eu preciso recuperar minha plenitude física.
            Ela não teve tempo de processar a informação. Dimitri avançou como um raio sobre o corpo de Jessica, que gritou e se debateu e chorou e lamentou. Mas não havia nada mais a fazer. A aproximação da criatura em chamas trouxe algo a mais além do pavor. As labaredas se estenderam para o corpo da garota e agora também ela ardia. Um abraço mortal. Dimitri cravou os dentes no pescoço dela e sorveu do líquido prazeroso. Era mais gostoso assim... quando a vítima luta até o fim. A adrenalina bombeava o sangue e ele vinha mais fresco até a boca de Dimitri. Pouco a pouco, carne e músculos voltavam para o lugar graças a seu poder de regeneração. Logo estaria novo em folha. Já Jessica morreu ali mesmo, seu único olho inteiro fitava o teto frio da Cripta que para ela nada mais era do que o vazio da morte. As trevas eternas.


            Horas depois.
            - Não tem ninguém aí, cara – insistiu o primeiro homem.
            - Temos de olhar em todos os lugares – replicou o outro. – E ninguém olhou aí dentro ainda.
           - Deixa de ser besta Felipe – protestou o outro – olha o tanto de teia de aranha que tem nessa grade! Não teria isso se tivesse gente aí dentro.
            Os dois eram policiais e estavam à procura de um casal que desaparecera na noite passada depois de ambos saírem de uma festa. O carro foi encontrado às portas de um cemitério e ao que tudo indicava o casal fora vítima de sequestro. Procuraram vestígios e pistas pelo local e não haviam encontrado nada. Para o delegado que investigava o caso, o mais provável é que eles estavam namorando dentro do carro e foram abordados por bandidos. O porquê de o carro não ter sido levado ainda era um mistério. Também não havia documentos no veículo e ele não fora arrombado. Apenas deixado lá por razões ainda misteriosas.
            - Acho que você tem razão... – disse o outro dando o braço a torcer.
            - Vamos. Estamos perdendo tempo aqui – disse o homem girando nos calcanhares. – Aposto que os dois pombinhos ainda estão metidos em algum mato aí transando e nós aqui com cara de trouxas procurando por eles.
           Felipe ficou estático na entrada da cripta olhando fixamente para a escuridão que dominava o interior do local. As pessoas que construíram aquele mausoléu haviam caprichado, pois a cripta sempre estava envolta pela mais profunda escuridão, não importasse a posição do sol. Esse pensamento passou por sua cabeça e um calafrio sobrenatural percorreu todo o seu corpo fazendo seus pelos se eriçarem. Ele não era medroso, de forma alguma. Já havia perseguido todo o tipo de meliante nas ruas e conheceu pessoas que faziam atrocidades que fariam o almoço de alguém sair pelo nariz. Mas, sendo cristão, ele acreditava em maldades muito além do que um ser humano é capaz de fazer. E com um sinal da cruz girou nos calcanhares e foi atrás do parceiro.
            Olhos negros como a mais escura noite observavam o caminhar daquele sujeito. Dimitri analisava com curiosidade aquele homem, enquanto que em seus dedos caminhavam aranhas de muitos tipos e tamanhos, que ficaram boa parte do dia remontando as teias dos locais que os mortais haviam profanado. Atrás de sua morada dois corpos repousavam com seus pescoços quebrados e marcas de mordida em suas jugulares...
           

                Naquela noite.
              Empoleirado como uma gárgula dos tempos medievais, Dimitri sentia o vento frio da noite a tocar sua pele pálida e sem vida em suaves e repetitivas lufadas de ar. A escuridão era completa aquela noite. A lua cheia escondia-se por detrás de grossas nuvens. Seus olhos cintilaram passando do negro para o vermelho rubi. A noite tornou-se clara como o dia para ele. Sua visão correu até a grande entrada do seu lar. Estava na hora. O mal estava de volta e ele seria o arauto dos novos tempos. O mundo real relembraria o verdadeiro significado da palavra Vampiro. Os humanos iriam temê-los mais uma vez. Novamente iriam fugir; iriam gritar; iriam morrer a sua chegada. Eles voltariam a sentir o terror, o medo e a dor. Porque esta era sua natureza.
            - Levantem-se irmãos! – bradou Dimitri e sua voz ecoou por todo o cemitério.
            Um baque de concreto chocando-se contra o chão foi sentido em uma tumba próxima e o primeiro levantou-se. Era um homem alto e garboso de cabelos negros castigados pelo tempo. Seus olhos, tão escuros como o piche, acenderam-se e a noite tornou-se dia. E ele saiu de sua tumba. Logo outro e outro e outros... em menos de um minuto, três dezenas de pares de olhos brilhavam na escuridão como labaredas incandescentes.
            Dimitri recolheu o celular de Jessica do bolso de sua recém-adquirida jaqueta esportista. Presente do mortal chamado Max. Aprendera rápido com sua vítima sobre os novos costumes e evoluções do século XXI. Os mortais haviam criado brinquedinhos interessantes. Não se impressionava assim desde que o primeiro avião tomou os céus. Um jeito cômico dos humanos tentarem imita-los. Eles eram tão inventivos! Procurou entre os aplicativos do celular que pertencia a Jessica e acionou o GPS do aparelho e este fez um caminho de onde Dimitri estava até o ponto de encontro de seus alvos. Um sorriso sutil brotou em sua face pálida.
            - Os mortais não mais nos temem – iniciou o seu discurso e seus semelhantes começaram a se aproximar –, os humanos não mais nos consideram como uma ameaça. Os tempos podem ter mudado, podem ter se modernizado, mas ainda somos quem somos, pois isso ninguém jamais poderá mudar. Vamos irmãos, vamos lembrar aos humanos o terror que nossa raça espalha! Está na hora de comer.
            Dimitri saltou de onde estava e aterrissou como se o peso de seu corpo fosse menor que o de uma pena. Atrás dele vinha o enxame de brasas incandescentes rumo àqueles que haviam ridicularizado sua raça.   


            Uma semana depois os jornais ainda falavam sobre a maior, a mais cruel e mais desumana chacina da história do país. Sessenta jovens de idades entre 12 e 18 anos foram cruelmente assassinadas. Vários tiveram os membros amputados e dilacerados, alguns ficaram irreconhecíveis. Havia sangue por toda a parte. O cenário descrito pelos policiais parecia saído de um filme trash de horror. Jornalistas e curiosos foram impedidos de entrar no local, o cenário era grotesco demais para o público presenciar. Muitos policiais com anos de serviço sentiram-se mal e tiveram de ser atendidos por unidades médicas de emergência. Disseram nunca terem visto nada parecido. Um deles comentou: “O que eu vi foi inenarrável, nem mesmo Dante poderia descrever isso em sua obra...”. A perícia constatou que a maioria dos homens morreu primeiro, já que os assassinos tiveram tempo de estuprar TODAS às vitimas do sexo feminino antes de matá-las.
O delegado que investiga o caso trabalha com a hipótese de que a motivação para tamanha perversidade tenha alguma ligação com o fã-clube do qual as vítimas eram membros. Em nota, ele comentou: “É lamentável que o fanatismo chegue às raias de tamanho absurdo. Estamos investigando o caso com afinco e todos os responsáveis serão descobertos, presos e punidos”.
            No tétrico cenário de barbárie, uma mensagem de sangue foi deixada em uma das paredes: “This is a True Vampire’s way”.

Fim

Prévia da capa do meu próximo conto que vai se chamar Diário Dos Mortos


Aguardem notícias \0


            

12 Bilhões de Comentários:

  1. Isso msm vampiro gosta é de sangue, não de boiolagem...
    Estou aguardando o proximo conto..
    que seja bom ou melhor que esse. :D

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  2. Se elas tivessem lido Drácula...
    Enfim, quem eu queria que morresse morreu \o/ To feliz -qq
    Ficou muito bom, esperando o próximo conto '3'

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    1. Obrigado! Estou ansioso para ler o conto que você esta trabalhando atualmente. \0

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  3. Muito bom! Quando sai o conto dos zumbis?

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    1. Ainda sem previsão brother. Estou com um problema de bloqueio de criatividade, mas vou postar assim que possível. Continue acompanhando e espere novidades \0

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  4. Gostei!!! A menina até demorou pra morrer... xDDD Tadinha, morreu com o sonho realizado! Me deu vontade de assistir anjos da noite d novo =DDD Esperando o próximo conto ansiosa =D

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    1. Obrigado Leilane. Continue acompanhando, é um prazer tê-la por aqui ;)

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  5. rsrsrsr legal alguém tinha q ter a iniciativa de REALMENTE descrever a vida e relação entre vampiros e humanos. Parabéns.

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  6. Ei, maneiro! Viu, eu disse que vc escreve bem! Só um detalhe: pq as garotas foram estupradas? Afinal, não se brinca com comida. Sucesso maninho.

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    1. Na verdade... eles comeram a comida de todas as formas que você possa imaginar... xD

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  7. Muiito bom
    Melhor impossivel
    Ansiosa pro próximo conto

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